Alexandra

 

Saber da morte dos meus pais foi demais para mim, fez meu mundo ruir. Primeiro Thor... Agora meus pais... E para piorar eu estava sozinha, não tinha mais a Ana ao meu lado. Tudo vinha como flash em mina cabeça, até mesmo os pesadelos que eu havia tendo eram um aviso... Aviso de que mais pessoas morreriam, mas eu nunca pensei que fossem os meus pais.

 

A morte estava mais uma vez me pregando uma peça, tirando a vida de pessoas que eu amava. Para minha surpresa (ou não) logo começou uma investigação sobre a queda do avião, pois um jato particular que é periodicamente checado não tem uma pane assim do nada. As suspeitas eram fortes contra um poderoso mafioso que meu pai estava levando a julgamento, não sei ao certo o que estava acontecendo, mas eu iria investigar essa história direitinho, mas não agora, eu não estava com cabeça para isso.

 

Os advogados do escritório do meu pai e mais a polícia acharam melhor eu contratar seguranças particulares, pois eu poderia estar correndo risco de vida por causa disso tudo.

 

No velório eu apenas chorava, lamentava por ter seguido um sonho idiota e não estado ao lado dos meus pais, que poderiam estar vivos a essa hora se eu não tivesse contado o que havia acontecido comigo. As pessoas vinham falar comigo, mas eu apenas as deixava falar, eu não queria manter conversa com ninguém.

 

Durante as orações e discursos pude notar um movimento não muito longe de onde eu estava, mas como havia muitas pessoas ficava difícil de ver o que era, até que um dos seguranças veio falar comigo.

 

— Desculpe senhorita Foster, mas tem dois rapazes e uma garota querendo falar com a senhorita...

 

— Eu não conheço ninguém por aqui. – Eu disse já sabendo de quem se tratava. –Eles disseram pelo menos o nome?

 

— Bill e Tom Kaulitz e Ana Paula...

 

— Não conheço, não os deixem se aproximar por favor. –Eu simplesmente disse e voltei minha atenção ao velório.

 

Eu realmente não queria falar com ninguém, principalmente eles que me causaram tanta dor. Quando o velório finalmente chegou ao fim, prestei minha última homenagem aos meus pais e logo sai escoltada do cemitério por cinco seguranças. Ao me aproximar do carro, os três tentaram uma aproximação, mas foram barrados pelos seguranças. Eu podia ouvir eles me chamando, mas o que eu mais queria naquele momento era manter distância de tudo e de todos.

 

 

 Ana

 

— Mas que merda! –Tom dizia chorando. – Como vamos nos aproximar dela com tudo aquilo de segurança?!

 

— Eu tenho uma ideia. Me esperem aqui. – Eu disse me afastando.

 

Logo me aproximei do senhor Sullivan, um dos advogados e amigos do senhor Foster.

 

— Olá senhor Sullivan.

 

— Olá menina. –Disse o senhor de cabelos grisalhos. – Quanto tempo eu não a vejo?

 

— Há muito tempo.

 

— Verdade. Mas o que você está fazendo aqui?

 

— Eu estou morando aqui em Los Angeles por causa da Universidade... Vim com a Alexs, mas como estamos em Universidades diferentes, cada uma foi pra um lado. –Eu disse tentando parecer natural, pois ele é um advogado experiente e sabe quando as pessoas estão mentindo.

 

— A Alexandra está arrasada coitada. Você falou com ela?

 

— Não deu, os seguranças nem me deixaram chegar perto dela.

 

— Mas vocês não eram grandes amigas?

 

— Sim, mas não sei o que está acontecendo que os seguranças não me deixaram nem falar com ela. E é sobre isso que eu queria falar com o senhor.

 

— O que um velho como eu posso fazer por você?

 

— Será que o senhor pode me levar até ela? Assim esses brutamontes me deixariam passar... Tenho certeza de que ela está precisando de mim nesse momento.

 

— Verdade... Com o que está acontecendo você não conseguiria se aproximar dela.

 

— Mas o que está acontecendo? –Perguntei preocupada.

 

— Nada... Mas vamos? Eu ainda tenho coisas para fazer.

 

— Sim, vamos, mas eu não estou sozinha... Estou com meu namorado e meu cunhado... Será que eles podem ir também? A Alexs os conhece também.

 

— Tudo bem, vamos.

 

Logo fui falar com Tom e Bill e pedi para que eles nos seguissem. Fui conversando banalidades com o senhor Sullivan e em 20 minutos finalmente chegamos em um lindo prédio próximo a Universidade. Povinho dos infernos! Esse foi um dos muitos hotéis que procuramos por ela e eles negaram informações.

 

Assim que chegamos fomos entrando, deixei o senhor Sullivan falar com uma moça e logo ela pegou o telefone, falou algumas coisas e logo autorizou nossa entrada. Já no elevador eu apresentei Tom como meu namorado e Bill como meu cunhado. Bill estava bastante nervoso. Depois de alguns minutos finalmente chegamos à cobertura e logo fomos entrando. Os seguranças nos barraram (os mesmos do cemitério), mas depois do senhor Sullivan garantir que me conhecia eles nos deixaram passar.

 

 

 Alexandra

 

Eu estava em pedaços, sentindo uma dor insuportável no meu peito, uma dor que chegava a me sufocar. Assim que cheguei, fui direto para meu quarto e me tranquei, eu queria ficar longe do mundo por um momento. A dor só piorava, então liguei o rádio e aumentei o som, fiquei um tempo deitada olhando para o teto, mas a maldita dor não passava, então sem pensar em mais nada me levantei e fui para o banheiro com uma única certeza, fazer aquela dor desaparecer, nem que fosse por um instante.

 

Então peguei quem estava sendo minha grande amiga nesses últimos dias, aquela que acabava com a minha dor, nem que fosse por alguns minutos, peguei a navalha de cima da pia do banheiro, entrei dentro da banheira e me sentei olhando fixamente para meu pulso que já estava bastante machucado devidos aos cortes recentes. Retirei as munhequeiras e joguei em um canto qualquer, olhei fixamente para a lâmina em minhas mãos, minha visão já estava embaçada por causa das lagrimas que não paravam de cair, eu já soluçava desesperada, por estar acontecendo tantas coisas ruins em minha vida, então apenas encostei a lâmina e fiz o primeiro risco e logo senti uma ardência e o sangue quente escorrer por meu braço. Logo em seguida fiz mais outro... Seguido de outro...

 

Logo a banheira ficou vermelha, saia muito sangue e não demorou muito para que minha visão ficasse mais embaçada e ficando escura logo em seguida. Ao longe eu escutava uma das minhas músicas favoritas I Don't Love You do My Chemical Romance. Não sei quanto tempo fiquei ali só escutando aquela música.

 

Depois de um tempo comecei a escutar bem ao longe alguém me chamando, uma voz desconhecida, não liguei, fiquei apenas em silêncio e do nada a voz sumiu. Antes de apagar em um sono profundo lembro-me de ter escutado gritos, parecia ser de Tom, talvez fosse mais um dos pesadelos que eu sempre tinha com ele e depois disso tudo voltou a ficar escuro. Eram como flashs, as vozes iam e vinham, eu não conseguia distinguir o que era realidade ou que era sonho.

 

 

 Bill

 

Ficamos esperando na sala enquanto um dos seguranças foi chamar Alexs, eu estava ansioso e muito nervoso por vê-la. Depois de alguns minutos o segurança retornou dizendo que Alexs estava trancada no quarto ouvindo música e que não respondia, provavelmente querendo ficar sozinha ou estivesse dormindo.

 

Assim que ele disse isso pude ver o desespero de Tom.

 

— Qual é o quarto dela?! –Ele dizia desesperado. – Fala!

 

— Se acalme senhor. – O segurança dizia calmo segurando-o.

 

— Qual é o quarto?! –Ele gritou.

 

— Talvez ela não queira falar com ninguém no momento.

 

— Ela pode estar em perigo seu idiota! –Ele disse se soltando e correndo escada acima.

 

Acabamos indo todos juntos e logo vi meu irmão batendo desesperado em uma porta.

 

— Alexs abre a porta para mim! –Ele dizia socando a porta, mas não se ouvia nenhuma resposta.

 

Então sem perder tempo ele derruba a porta a procura de Alexs e nada, Ana chorava desesperadamente e eu não estava diferente, eu temia pelo pior. Logo Tom chegou na porta do banheiro e constatou que estava trancado e sem dizer nada a derrubou também e a cena que vimos foi a pior de todas. Ela dentro da banheira imóvel e o lugar estava todo cheio de sangue.

 

Tom tentava fazê-la acordar, mas ela estava imóvel. Logo um dos seguranças ligou pra emergência, enquanto meu irmão a retirou da banheira e a colocou no chão, checando sua respiração.

 

— Bill ela não está respirando! –Ele dizia desesperado tentando sentir sua respiração.

 

— Faz alguma coisa! –Eu disse apavorado.

 

Vendo que meu irmão estava pior do que eu, me aproximei dele e comecei sentindo sua pulsação e estava muito baixa. Eu ainda estava tentando fazer algo quando os paramédicos finalmente chegaram e começaram a examiná-la. Eles falavam em outra língua praticamente, pois eu não estava entendendo nada até que o pior aconteceu.

 

— Ela parou de respirar, rápido! – Um homem disse.

 

Logo outro começou a lhe fazer massagens cardíacas e nada. Uma moça tirou uma máquina da bolsa, checando um monte de coisas naquela coisa que mais tarde vim a saber que era um desfibrilador. Ela gritou um “afasta” e logo encostou aquela coisa em Alexs fazendo um barulho horrível e a fazendo se contrair. Eles ficaram um tempo nisso até que finalmente ela voltou, eles colocaram uma máscara nela e trataram de conter o sangue de seu braço e logo a levaram para um hospital.

 

O coração de Alexs parou de bater por alguns minutos que mais pareciam horas, mas depois de muito custo voltou a bater novamente. Naquele momento mesmo não acreditando em Deus, eu apenas pedia por uma coisa, pela vida da mulher que eu amo.



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