Alexandra

Eu estava me sentindo mal pelo rumo que minha vida tomou, em um dia o homem que eu estava realmente amando me pediu em casamento, era pra ser o dia mais perfeito da minha vida, mas como sempre o destino resolveu brincar com os meus sentimentos e me dar uma rasteira me puxando pra realidade novamente.

 

Ficar longe de Bill estava sendo uma tortura, mas eu tinha que ser forte e virar essa página da minha vida de uma vez por todas. Scott era um grande amigo e ele fazia muita diferença na minha vida. Ele conseguia me fazer sorrir em um momento que eu queria muito chorar.

 

Saímos e eu não tinha ideia de onde ele me levaria. Assim que montamos na moto ele deu a partida e voou pelo asfalto. Eu sentia meus cabelos agitados por conta do vento. O sol brilhava forte, um ótimo dia pra ficar de bobeira. Fomos direto para o centro, especificamente para um hospital, confesso que fiquei confusa com isso, mas não disse nada.

 

Assim que ele estacionou a moto, desci para ajeitar meus cabelos que estavam desgrenhados, enquanto ele travava a moto. Depois de tudo verificado, ele pegou em minha mão e foi me conduzindo para dentro do hospital. Ele falou algo com a recepcionista, e logo fomos adentrando o lugar. Depois de pegarmos um corredor bem comprido, entramos por uma porta e logo veio a surpresa, estávamos em uma ala cheia de leitos com crianças, que assim que perceberam nossa presença elas sorriram e uma delas veio ao nosso encontro e abraçou Scott pelas pernas.

 

― Oi tio Scott! – O garotinho disse animado.

 

― Hey Gabriel! Como está se sentindo hoje?

 

― Bem melhor... Hoje não tive que tomar aquele remédio ruim. – Ele disse fazendo uma careta.

 

― O que eu disse sobre os remédios? – Scott disse pegando o garotinho no colo.

 

― Mesmo sendo ruim que tenho que tomar pra logo eu ir pra casa.

 

― Isso mesmo.

 

― Hoje o senhor trouxe sua namorada? - O garotinho disse me analisando.

 

― Ela é apenas uma amiga.

 

― Ela é linda.

 

― Oi. – Eu disse um pouco envergonhada.

 

― Essa é a Alexandra, estudamos juntos lá na Uni.

 

― Lindo nome... – Ele disse com um largo sorriso. – Me chamo Gabriel.

 

Depois de nos cumprimentarmos, ele nos conduziu pelo quarto apresentando todos seus amigos. Pela nossa conversa, soube que ele estava na batalha contra leucemia, assim como as outras crianças por ali que também estavam em tratamento. Jamais imaginei que Scott dedicava parte do seu tempo em um hospital rodeado de crianças.

 

Scott fazia a diferença para aquelas crianças, dava pra ver a felicidade delas em seus rostos, ele contava histórias, brincava, mal tinha tempo para tristeza ali, é lindo ver como eles interagem. Passamos o dia todo com eles e ao fim eu nem queria ir embora, mas prometi voltar outra vez.

 

Já no estacionamento...

 

― E aí, o que achou das crianças?

 

― Eles são incríveis! É bom ver que mesmo sendo crianças e mesmo passando por essa doença terrível, que eles têm esperança de ficarem curados.

 

― Meu tio é o chefe por aqui, lembro quando minha mãe estava mal, passamos um inferno com a doença dela, e vendo como eu estava meu tio me levou pra conhecer outras crianças na mesma situação que a minha mãe e desde então, sempre que posso apareço.

 

― Nossos problemas são tão pequenos, chegando a ser insignificantes perto de tudo o que eles passam aqui.

 

― Sim, e eu tento trazer um pouco de alegria na vida delas. Meu tio me contou que o dia que eu não apareço eles ficam desanimados, por isso faço de tudo, pra pelo menos dar uma passada rápida por aqui, não gosto de ver meus pequenos tristes pelos cantos.

 

― A próxima vez que você voltar aqui me avise, pois quero vir também. Amei passar o dia com eles.

 

― Pode deixar. – Ele disse montando na moto. – Vamos comer algo, pois estou morrendo de fome.

 

Esse dia maravilhoso com as crianças me fez pensar em como sou uma idiota por fazer coisas sem pensar. Pessoas lutando para viver e eu aqui querendo desistir da minha. Não demorou muito para que chegássemos ao shopping e logo fomos ao MC comer algo.

 

Depois de comermos e jogarmos conversa fora, Scott me levou pra casa, eu estava cansada e só queria saber da minha cama. Assim que chegamos, os despedimos e logo entrei, pois estava doida por um banho. Já em meu quarto, fui direto para o banheiro. Quinze minutos depois, devidamente limpa e já com uma roupa mais fresca, fui até a cozinha pegar algumas bobeiras pra comer e logo fui pro quarto maratonar alguma serie.

 

Eu ainda estava escolhendo a serie quando ouço a campainha tocar e não demorou muito para que alguém batesse na porta.

 

― Pode entrar.

 

― Hey sumida. – Tom disse entrando. – Por onde você andou? Eu apareci aqui mais cedo e você não estava.

 

― Tive um compromisso importante com um amigo.

 

― Eu encontrei o seu trabalho em cima da mesa, então eu peguei e entreguei lá na Uni – Ele disse sentando-se ao meu lado da cama.

 

― O que seria de mim sem você, não é? – Eu disse rindo.

 

― O que vamos assistir de bom? – Ele disse animado.

 

― Eu estava pensando em assistir Sabrina... O povo da minha sala não para de falar sobre a série.

 

― Posso assistir com você?

 

― Claro, se acomoda aí.

 

Então lá começamos a assistir o primeiro episódio animados. Já no terceiro episódio consecutivo, me levantei e fui pegar refrigerantes pra nós. Quando eu estava voltando Tom veio ao meu encontro e assim que entramos no quarto ele pegou os refrigerantes da minha mão e os colocou na mesinha. Assim que me deitei na cama, Tom foi mais rápido e me puxou e acabei deitando em cima dele.

 

― Você é doido? – Eu disse rindo.

 

― Sim... Doido por você. – Ele disse ele me dando um selinho. – Senti sua falta hoje.

 

― Mas só fiquei fora por algumas horas.

 

― Mas foi o suficiente pra ter a certeza de que não consigo ficar um minuto longe de você. – Ele disse com um lindo sorriso nos lábios.

 

― Sempre tão exagerado... – Eu disse começando a trilhar beijos por seu pescoço. – O que posso fazer pra me redimir com você? – Perguntei sugestiva.

 

Ele não respondeu, apenas sorriu e uniu nossos lábios em um beijo intenso. Não sei por quanto tempo que o nosso beijo durou, mas assim que nos separamos eu pude ver todo o desejo nos olhos de Tom. Se eu queria esquecer Bill de vez essa era a hora, eu teria uma vida ao lado de Tom e por um ponto final no que um dia eu tive com o irmão dele.


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