Pov de Bill


 


Sou um cara rico, popular, terminei o colégio com as melhores notas e vou cursar a Universidade de medicina em Miami. É engraçado eu dizer isso, pois eu não me considero normal, me visto de preto, curto rock, praticamente um perturbado, como os amigos do meu pai sempre dizem, mas é algo que eu quero fazer desde pequeno, depois que vi minha mãe definhar em uma cama de hospital, decidi me tornar um médico para poder ajudar as pessoas. Meu nome é Bill Kaulitz e tenho dezoito anos. Meu melhor amigo é meu irmão, se chama Tom Kaulitz, somos gêmeos e por isso temos uma ligação muito forte, não sei explicar. Sabemos quando o outro está feliz ou até mesmo com problemas, parece algo sobrenatural. Quando estamos juntos sabemos o que o outro está pensando.


 


Gosto de cantar, e por isso tenho uma banda junto com meu irmão e meus amigos de infância Georg e Gustav, meu pai estava disposto a pagar um estúdio pra nós, os caras ficaram empolgados com a ideia, mas eu quero ser um médico, música pra mim está em segundo plano, não quero nada fácil, quero que nos reconheçam pelo nosso talento e não por influencia do meu pai.


 


Eu sinto que está faltando algo em minha vida, um amor de verdade, bem intenso. Sei que posso ter a mulher que eu quiser, mas eu quero aquela que foi feita especialmente pra mim. A procuro desesperadamente, mas em vão. Todas as noites sonho com ela, mas nunca consigo ver o seu rosto e o mais incrível é que meu irmão tem o mesmo sonho que eu, até os mínimos detalhes são idênticos é muito estranho, não sei explicar o que se passa com a gente. Lembro-me que minha mãe sempre nos dizia que somos especiais e que um dia nossas vidas iriam mudar radicalmente. Como eu queria que minha mãe estivesse aqui agora, ela poderia esclarecer muitas coisas, sinto muita falta do seu carinho, do seu cheiro, dos seus cuidados conosco.


 


Meu pai se esforça ao máximo pra não nos deixar faltar nada, mas mesmo assim ela faz falta. Depois que ela morreu, demorou bastante pra ele voltar a viver novamente, mas ele nunca tem nada sério com elas, ele diz que o lugar da mamãe é único.


 


Apenas eu faço curso de medicina, Georg, Tom e Gustav estão fazendo engenharia, eles querem trabalhar ao lado de nossos pais que são amigos e sócios. Vai entender eles! Só sei que nesse verão eu quero aproveitar ao máximo, pois depois a Universidade logo começará e eu entrarei de cabeça nos estudos.


 


Por incrível que pareça eu não sou muito de sair de casa, sou mais na minha, não gosto de aglomeração de pessoas, sinto que elas estão me julgando. Sei que sou diferente das outras pessoas, e não consigo mudar meu jeito.


 


Estou aqui deitado em minha cama sem ânimo pra nada pra falar a verdade, sei que está fazendo um lindo dia, o sol está brilhando forte, mas ficar sentado no jardim da cobertura, observando o movimento da cobertura de baixo só pra ver quem são os novos moradores é entediante.


 


Quer saber, vou dar uma volta, me distrair um pouco. Logo me levanto, vou até o espelho conferir o visual, pego minha carteira e meu celular coloco no bolso e saio. Eu estava descendo as escadas quando Georg me chama.


 


_ Vai onde? –Ele diz vindo em minha direção.


 


_ Andar sem rumo, cansei de ficar aqui sem fazer nada.


 


_ Posso ir com você?


 


_ Cadê o meu irmão e o Gustav?


 


_ Lá no jardim pra variar.


 


_ Cansou de esperar pelos novos vizinhos?-  Eu disse na gozação.


 


_ O Tom não regula muito bem da cabeça né? Ele está querendo ver se tem mulher na área.


 


_ Aquele só pensa nisso! –Eu disse rindo. – Vamos, antes que ele resolva ir também.


 


Já estávamos dentro do elevador, quando o mesmo parou no andar de baixo e assim que a porta se abriu uma garota apareceu gritando, totalmente histérica.


 


_ Porque não manda me internar de uma vez seu velho rabugento? Eu não tenho culpa de você ser um fracassado! Eu quero mais que você morra! –Ela gritava.


 


Um homem apareceu no hall chamando-a, mas a porta logo se fechou e assim que o elevador começou a descer a garota se sentou no chão, colocou a mão no rosto e chorava de soluçar, deu pena de vê-la daquela forma então senti a necessidade de abraça-la forte e foi o que fiz sem pensar, me abaixei e a tomei em meus braços sem hesitar e pra minha surpresa ela também me abraçou e encostou a cabeça em meu ombro.


 


_ Calma... Não fique assim...! Eu não sei o que aconteceu... Mas pode ter certeza que por mais difícil que seja tudo vai melhorar. –Eu disse afagando seus cabelos.


 


_ Nada vai melhorar... –Ela disse me abraçando forte, eu sentia correntes elétricas passando por nossos corpos o que me fez me arrepiar todo.


 


_ Você quer ir pra minha cobertura? Lá você pode ficar o tempo que quiser.


 


_ Não... Eu só quero sair daqui...!


 


Nunca vi alguém chorar tanto como aquela garota, ela parecia desesperada, não parecia ser apenas um chilique de uma patricinha mimada. Georg apenas me olhava assustado e não dizia nada. Assim que chegamos ao estacionamento fomos direto pro meu carro e ao abrir a porta dei a chave pra ele dirigir e eu fui sentado atrás com ela. Saímos sem rumo, eu queria apenas tirá-la dali e protegê-la, até que percebi que Georg parou o carro, olhei ao redor e percebi que estávamos no parque onde sempre vínhamos andar de skate, ele desceu e nos deixou sozinhos.


 


Acho que depois de tanto tempo chorando suas lágrimas secaram, pois ela apenas tremia compulsivamente.


 


_ Hey... Está mais calma?


 


_ Acho q-que s-sim. –Ela disse limpando as lágrimas. – Me desculpe. –Ela disse ainda agarrada a mim.


 


_ Pelo que?


 


_ Por fazer você sair do seu caminho...  Por fazer você se importar comigo sem ao menos me conhecer.


 


_ Eu estava de bobeira e vi você daquele jeito...


 


_ Mesmo assim obrigada. –Ela disse me dando um beijo na bochecha. – Vou deixar você em paz ok. –Ela disse me soltando. –Você deve ter muita coisa pra fazer.


 


_ Não! Quer dizer... Pode ficar, assim você se distrai um pouco.


 


Ficamos um tempo nos olhando até que ela resolve sair. Já próximos a um banco ela se senta e me chama pra me sentar ao seu lado.


 


_ Desculpe minha falta de educação, me chamo Emanuelly. –Ela disse estendendo a mão.


 


_ Bill. –Eu disse pegando em sua mão.  –Você é minha vizinha da cobertura de baixo. –Eu disse me lembrando de que o Tom ficou de campana quase amanhã todo pra descobri quem eram os novos donos me fez rir.


 


_ Está rindo do que? –Ela disse sem entender.


 


_ É que meu irmão estava curioso pra saber quem eram os nossos vizinhos e ficou a manhã toda no jardim pra ver se via algo e eu estou aqui com você.


 


_ É estranho saber que os vizinhos de cima vão começar a me observar. –Ela disse tentando sorrir.


 


_ Desculpe em insistir, mas o que aconteceu pra você ficar tão nervosa com aquele homem?


 


_ Ele me fez largar toda a minha vida na Itália, por causa das empresas daqui de Miami. Eu não quero terminar a faculdade e ir trabalhar lá entende? Eu não quero ficar presa dentro da corporação fazendo pesquisas! –Ela disse voltando a ficar triste.


 


_ Aquele homem é seu pai?


 


_ Não, ele é meu padrasto. Ele que cuida de tudo pra mim e pro meu irmão desde que minha mãe morreu a dois dias atrás.


 


_ Eu sinto muito. –Eu disse afagando seus cabelos.


 


_ Tudo bem.


 


Nisso Georg se aproxima da gente.


 


_ Eu vou andar de skate com os caras você vem?


 


_ Não.


 


_ Você está melhor? –Ele praticamente babava em Emanuelly.


 


_ Sim, obrigada.


 


_ Emanuelly esse é meu amigo Georg. Gê, essa é Emanuelly. –Eu disse interrompendo aquele momento babação.


 


Logo ele pegou em sua mão e lhe deu um beijo no rosto.


 


_ Pode ir, eu vou ficar aqui com ela. –Eu disse praticamente expulsando-o.


 


Depois que ele saiu eu peguei em sua mão.


 


_ Vem, vamos andar um pouco.


 


Sem dizer nada ela ajeitou sua mão e saímos andando sem dizer nada um para o outro, não sei porque, mas eu literalmente travei na frente dela. Eu sentia meu coração descompassado em meu peito.


 


_ É tão ruim estar em um lugar onde não conhecemos ninguém.


 


_ Agora você me conhece. –Eu disse sorrindo. – Pode ter certeza que você encontrou um amigo.


 


_ Você conhece muitos lugares legais por aqui? Pois ficar com meu irmão naquela cobertura toda vai ser um tédio.


 


_ Seu padrasto não vai morar com vocês?


 


_ Não, eu moro com o meu irmão desde que minha mãe se casou com ele a uns 3 anos. Não gosto daquele homem.


 


_ Bom... Eu não sou muito de sair, mas podemos dar um jeito.


 


_ Eu também não sou de sair, é que na Itália eu estava sempre com minhas amigas. É que meu irmão tem o mundinho dele sabe, e eu estou fora dele. Ele só curte andar com pessoas mais velhas e sem contar que ele tem uma namorada muito chata.


 


_ E você?


 


_ Eu o que?


 


_ Deixou algum namorado lá na Itália?


 


_ Eu não. Devo ser muito feia, pois nunca me pediram em namoro. – Ela disse um pouco sem graça.


 


_ Conta outra! Você é linda! De onde você tirou isso? – Estranhei Emanuelly é muito linda tanto de rosto quanto de corpo.


 


_ Então porque nunca ninguém chegou em mim?


 


_ Deve ter uma explicação lógica pra isso.


 


_ E você tem namorada?


 


_ Namorada não. Ainda não encontrei a mulher que me complete.


 


_ Nossa que lindo! A garota que conseguir ganhar seu coração será uma garota de muita sorte. –Como ela podia ser tão doce e ingênua ao mesmo tempo? Uma mulher dessas com certeza tem vários homens aos seus pés.


 


Ficamos quase a tarde toda conversando e pude perceber que ela é muito romântica, meio doidinha, mas realmente gostei do jeito dela. Ela e o irmão são herdeiros do CPS-Centro de Pesquisas Skamp, mas ela queria se formar em medicina e poder ajudar as pessoas em um hospital assim como eu. Nem dava pra acreditar que a patricinha que estava na minha frente era uma verdadeira nerds assim como eu. Ela é americana, mas quando sua mãe se casou de novo ela foi morar com seu irmão na Itália. Ela achava que iria cursar a Universidade junto com suas amigas, mas com a morte de sua mãe ela se viu obrigada a voltar e a fazer aqui em Miami.


 


Ela parece ser tão delicada, minha vontade é de protegê-la de todos que queiram machuca-la. Já era umas 5 horas da tarde quando finalmente voltamos pra cobertura, pois ela estava cansada da viagem. Combinamos de jantar mais tarde, pois ela não queria ficar sozinha.


 


Nos despedimos e ela foi pra sua cobertura, assim que a porta se fechou Georg começou a falar todo empolgado.


 


_ Porra! Como ela é gata! E muito gostosa! –Ele disse todo empolgado.


 


_ Você só vê essas qualidades nas mulheres? Tô vendo que passar muito tempo com o meu irmão tá te afetando!


 


_ Vai dizer que você também não achou? –Ele disse todo sacana.


 


Nisso a porta se abriu e logo entramos na cobertura.


 


_ Ela tava te dando mole cara! Vai dispensar?


 


_ Quem tava dando mole pro Bill? –Gustav disse se levantando do sofá com uma garrafa de cerveja na mão.


 


_ Ninguém.


 


_ Por falar em ninguém a Nathaly ligou e disse que está vindo pra cá. –Disse Tom vindo da cozinha com um pedaço de torta na mão.


 


_ Nossa porque você não dispensou ela? –Eu disse irritado.


 


_ A namorada é sua cara! Se vira!


 


_ Ela não é minha namorada!


 


_ Que papo é esse? – Tom disse fazendo uma cara estranha. –Vocês estão juntos a dois anos e agora você vem com esse papinho que não está namorando? O que aconteceu Georg?


 


_ Conhecemos a vizinha de baixo. Acho que foi isso que o fez surtar. –Ele disse debochando da minha cara.


 


_ E ela é gostosa? –Tom perguntou todo curioso.


 


_ Linda, gostosa, um verdadeiro avião. Ela vai jantar com a gente hoje.


 


_ Merda. –Eu disse indo pro meu quarto.


 


Agora aqueles três vão ficar me enchendo o saco por causa disso. Só de pensar que a Nathaly virá hoje pra cá e ficará no meu pé... Acho melhor tomar um banho e dormir um pouco, tô vendo que minha noite será longa.



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