『Alexandra』
Finalmente
depois de alguns dias eu pude voltar para a minha cobertura e fui obrigada a
voltar para a minha realidade. Eu estava na recepção do prédio quando vejo
Scott entrando com aquele sorriso que me tira até o fôlego, ele se aproximou e
me deu um beijo estalado na bochecha.
— Bom dia
gata. –Ele disse todo empolgado.
— Bom dia
Scott.
— Cheguei
ontem à noite e já fiquei sabendo do que aconteceu com você... Seus pais... Eu
sinto muito.
— Tudo bem já
foi, só não quero falar mais sobre isso.
— Eu queria
poder estar aqui ao seu lado nesse momento difícil.
— Agora você
está, então aproveite. –Eu disse tentando forçar um sorriso. – Mas o que você
está fazendo aqui a essa hora da manhã?
— Vim dar uma
carona pra minha garota... Não posso? –Ele disse rindo.
— Sua garota
mora aqui no prédio é? Me apresenta ela então. –Eu disse dando de desentendida.
— Você me
entendeu sua espertinha. Vamos.
— Mas eu já
disse que não precisa me dar carona, eu moro a 2 quadras da Universidade.
— Mulher minha
não fica andando a pé por aí não. –Ele disse já pegando em minha mão e
entrelaçando nossos dedos.
— Desde quando
sou sua mulher?!
— Desde o
momento que coloquei os olhos em você. –Ele disse jogando uma piscadela.
Assim que
chegamos em sua moto ele pegou um capacete e me deu e o outro ele colocou nele
mesmo. Ele subiu na moto dando partida, subi e logo fomos juntos para a
Universidade. Desde que conheci Scott e sua turma nos demos bem, claro que no início
eu não dei muita bola, mas ele insistiu tanto que acabamos virando amigos. Ele
é quem vem aguentando o meu mal humor nesses últimos tempos e o agradeço muito
por isso.
Também sei que
os seus sentimentos por mim são verdadeiros, mas não dou esperança e ele sabe
bem o porquê e pelo menos aceita a minha eterna amizade em troca. Sempre
conversamos sobre isso, quem vê até pensa que somos namorados mesmo, pois não
desgrudamos um do outro, mas ele sabe que estou tentando restabelecer minha
vida aos poucos e me ajuda muito com isso. Assim que chegamos ao estacionamento
da Universidade já avistamos a turma encostado em seus carros e pra minha
surpresa, avistei Bill, Tom e Ana do outro lado que com a algazarra da turma
acabou me vendo.
— Droga. –Eu
disse descendo da moto.
— O que foi?
— “Eles” estão
aqui e pelo visto vão vir falar comigo. Vamos entrar logo.
— Relaxa, você
está comigo. Você sabe que ninguém se aproxima se eu não quiser.
— Só quero
evitar confusão, vamos logo.
Scott fez
sinal pra turma que logo entendeu e veio em nossa direção, fomos entrando, ouvi
Ana me chamando, mas fingi que não era comigo e logo fomos pra sala. Durante as
aulas me enfiei de cabeça, pois as matérias são difíceis e Scott sempre me
ajudava no que podia. Já na hora do intervalo fomos pro nosso cantinho secreto
embaixo das arquibancadas e não demorou muito para que a nossa turma fosse
chegando e se jogando em algum lugar pra se deitar e descansar um pouco. O mais
engraçado é que alguns realmente dormiam com aquele barulho todo na quadra.
Quando o sinal
tocou fomos direto para a sala e por sorte não vi Ana. O professor passou um
mega trabalho, então pra ir adiantando assim que o sinal tocou, guardei minhas
coisas, me despedi do pessoal e fui direto para a biblioteca, odeio deixar meus
trabalhos pra última hora. Fiquei por horas ali dentro até que percebi que já
era tarde, então guardei minhas coisas na bolsa e logo fui saindo, já era
noite, a hora voou e nem percebi.
Eu estava
faminta, então fui direto para uma lanchonete perto da Universidade mesmo,
estava com preguiça de chegar em casa e ter que preparar algo pra comer, não é
só porque tenho empregada que abuso da sua boa vontade. Fui logo procurando uma
mesa vaga e assim que avistei fui me sentar e não demorou muito para que a
garçonete viesse me atender. Eu estava perdida mexendo no meu celular quando me
assusto com alguém a minha frente.
— Podemos
conversar? – Ouvi Ana dizer calmamente.
— O que foi
agora? Não deixei claro que quero ficar sozinha?
— Percebi
mesmo hoje de manhã... Você com aquele cara...
— O que você
quer? –Eu disse alterando minha voz. – Eu já deixei o seu caminho livre, o que
mais você quer de mim?
— Eu só quero
a minha melhor amiga de volta.
— Você foi
clara e objetiva ao dizer o que pensa de mim. Lhe agradeço imensamente, pois
assim percebi que nunca fomos amigas de verdade. Viva sua vida ao lado do
Bill... Não era isso o que você tanto queria? Vai fundo!
— Mas é ao seu
lado que eu quero estar, por que você não entende isso? –Ouvi a voz de Bill
atrás de mim me fazendo dar um pulo na cadeira.
Logo o meu
pedido chegou, pedi para o garçom embrulhar meu pedido porque seria para
viagem, fui me levantando, mas Bill me fez sentar novamente.
— Não... Ela
vai comer aqui mesmo e traga duas pizzas grandes de queijo e duas cocas grandes
por favor.
— Pra que
isso?
— Nós três
temos que ter uma conversa definitiva.
— Não tenho
nada pra conversar com vocês. Foi um erro esse namoro relâmpago... Tentem se
conhecer, dê uma chance a ela Bill, acredite em você não vai se arrepender,
pois a Ana te ama de verdade.
— O que tenho
que fazer pra você entender que eu amo você e não ela. Você é minha namorada, a
mulher que escolhi para estar ao meu lado e não ela.
— Eu não te
amo ok. Esse namoro não iria dar certo mesmo...
Comecei a
comer meu hambúrguer tranquilamente, eu realmente não estava a fim de ter
aquela conversa. Não demorou muito para que os pedidos deles chegassem e eles
começaram a comer também.
— Por que você
não volta lá pra casa? Aquele lugar não é o mesmo sem você.
— Não se
preocupe quanto a isso, estou preparando a documentação, até quarta a papelada
chega só pra você assinar e acabaremos logo com isso. Estarei passando a minha
parte pra você, não vou precisar mesmo. –Eu disse bebendo um gole da minha
coca.
— Metade da
mansão é sua também, eu não quero nada.
— Faça o que
quiser, venda e use a minha metade pra uma doação. Não me importo.
— Para com
isso Alexs, ser fria com a gente não vai te levar a nenhum lugar.
— Não estou
sendo fria Bill, estou sendo eu mesma. Não ligo pra dinheiro, nunca liguei e
não vai ser agora que isso vai mudar em mim. Não pretendo voltar a minha vida
de antes, não pretendo voltar pra mansão, não pretendo voltar a amizade com a
Ana, não pretendo voltar a namorar você... Aceitem os fatos.
— Você já
parou pra pensar no que queremos com a nossas vidas? Não é só você que decide
as coisas aqui.
Nisso Tom
chegou todo afobado.
— Desculpem a
demora, eu estava preso no escritório.
Eu estava
vendo ali minha oportunidade de tirar Bill do meu pé, porque não dar uma chance
ao Tom, por mais que eu os queira longe de mim, acho que se eu desse uma chance
ao Tom, Ana teria uma chance com Bill.
— O papo está
ótimo, mas eu tenho que ir, tenho coisas pra fazer. –Eu disse tirando o
dinheiro da bolsa e deixando em cima da bolsa. – Tom, você não me daria uma
carona?
— Claro. –Ele
disse animado.
— Eu posso te
levar. –Bill disse sério.
— Não precisa.
Faça companhia pra Ana tenho certeza de que ela vai gostar.
— Pare de
ficar me jogando pra cima dela! Minha namorada aqui é você!
Nisso notei os
olhares das pessoas para o escândalo que ele estava fazendo.
— Não vou mais
discutir com você com relação a isso. Tudo o que tínhamos ou pensamos que
tínhamos acabou ok, então viva a sua vida que estou vivendo a minha.
— Tom, você
leva a Ana pra casa eu levo a Alexs, ainda não terminamos a nossa conversa.
— Terminamos
sim.
Sem dizer
apenas me levantei puxando Tom comigo, não estava a fim de mais conversas com
Bill, eu tinha que fazer alguma coisa pra me afastar dele e assim deixar o
caminho livre para Ana.
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