『Alexandra』
Assim que
saímos da lanchonete caminhamos em silencio até o carro, Tom abriu a porta pra
mim, entrei sem dizer nada. Ao entrar no carro ele logo deu partida e pude ver
Bill e Ana conversando na porta da lanchonete, pareciam discutir feio, mas eu
não estava nem aí, eu só queria colocar um ponto final no que eu tive com o
Bill. O que me deixa mais louca é que eu realmente estava gostando do Bill, por
que isso tinha que acontecer comigo? Eu devo ter feito algo pra alguém lá em
cima pra estarem me detonando dessa forma!
Eu estava em
um maldito conflito interno quando Tom puxou assunto.
— Daria minha
vida pra saber no que está pensando agora.
— Que exagero
Tom. –Eu disse com a voz embargada, lutando para não chorar na sua frente.
— Você ainda
não me disse onde está morando.
Logo lhe disse
o endereço e em 10 minutos já estávamos em frente ao prédio.
— Bom...
Você está entregue. – Ele disse de uma forma triste que partiu meu coração.
— Você não
quer entrar?
— Não quero
atrapalhar.
— Você não
atrapalha nunca. –Eu disse forçando o sorriso. - Entra por favor... Não quero
ficar sozinha.
Vendo o meu
desespero ele finalmente disse que entraria, pedi para que ele desse a volta
para entrar no estacionamento. Ao estacionar, saímos do carro e fomos para o
elevador em silêncio, já dentro da cobertura, coloquei as coisas em cima da
mesa e fui direto pra cozinha seguida por Tom.
— Fica à
vontade... Se quiser algo é só fuçar, se eu não me engano na geladeira tem
pizza, refrigerante... É só fazer.
— Não
obrigado, já comi antes de ir me encontrar com vocês na lanchonete.
Bebi um copo
de água apenas enquanto Tom foi pegar refrigerante. Assim que terminei de
beber, o deixei na cozinha e fui para o quarto trocar de roupa, tomei uma ducha
rápida, me enxuguei e coloquei uma regata azul bebê colada e uma calça de
moletom preta, calcei meu chinelo e voltei pra sala, encontrando Tom sentado na
frente da TV rindo de algo, me aproximei e me sentei ao seu lado.
— Sinto falta
disso... –Eu disse recostando no sofá.
— Disso o que?
– Tom disse me olhando.
— De
pessoas... Ter alguém pra ver TV comigo, rir de coisas bobas...
— E por que
você não volta lá pra mansão? A Ana realmente está mal pelo que ela disse pra
você.
— Ela não tem
que se sentir mal, ela apenas disse a verdade. Eu odeio esse meu jeito
desligado... Veja no que me meti.
— Você não tem
culpa do que aconteceu.
— Eu não
queria... Mas pelo visto vou ter que voltar a tomar os meus remédios e procurar
um psiquiatra novamente. – Eu disse olhando para o chão.
— Você tem
isso desde quando? –Ele disse parecendo preocupado.
— Desde o
acidente...
Tom não disse
nada, apenas me puxou para seus braços, me aninhou em seu corpo.
— Fique
calma... – Ele disse dando um beijo em minha cabeça. – Vou te ajudar no que
puder... Eu te prometo...
Ficamos ali
até a escuridão tomar conta de mim.
✦
Acordei
sentindo uma paz, uma leveza no corpo, não queria me levantar, mas eu tinha que
me arrumar e ir pra aula. Abri os olhos preguiçosamente, me estiquei e peguei
meu IPhone na mesinha, desbloqueei e vi que ainda eram 6 horas da manhã, até
que me lembrei de ter dormido no colo de Tom, mas onde ele estava?
Logo me
levantei e fui tirando minha roupa, tomei um banho rápido e fiz minha higiene
matinal. Me troquei e já fui pra cozinha preparar algo, optei por torradas e um
leite. Assim que terminei, voltei para o quarto e vi dessa vez uma folha no
chão ao lado da cama, eu devo ter derrubado quando peguei meu IPhone. Logo
peguei e comecei a ler:
“Oi, minha
linda. Desculpe por não ter te acordado, mas você estava dormindo tão
gostoso... Não pude ficar, pois ando resolvendo algumas coisas pessoais, mas
nos encontramos na hora do almoço ok. Tom.”
Homens... Eu
disse revirando os olhos e acabei rindo igual uma idiota. Dobrei o papel e
guardei na gaveta, fui pegar minhas coisas e logo fui para a Universidade, eu
não queria me atrasar. A manhã estava sendo um tédio, estava difícil ignorar
Ana, mas até que consegui sair de fininho quando ela me via no corredor. Assim
que o sinal tocou arrumei minhas coisas, eu só queria poder sair dali. Eu
estava chegando a rua quando sinto uma mão em meu braço me puxando e quando me
viro vejo Ana.
— Oi. –Ela
disse com um largo sorriso.
— Ah... Oi.
— O que você
vai fazer mais tarde?
— Estou
atolada com um trabalho, não tenho tempo nem pra mim.
— Um garoto da
minha turma vai dar uma festa na casa dele e eu queria muito ir, então pensei
em te convidar.
— Não tenho
tempo para festas, mas obrigada por me convidar. –Eu disse ajeitando minhas
coisas. – Porque não convida o Bill, assim vocês estarão mais juntos e...
— Ele está com
raiva de mim... Pelo que aconteceu entre nós duas... Vocês dois...
— Homem é bem
assim mesmo, mas dê um tempo a ele, só o tempo vai ajudar vocês dois.
— Está difícil
sem você ao meu lado. –Ela disse parecendo triste.
— Você vai
superar... Acredite. Tente ocupar o seu tempo com algum curso extra ou...
Fiquei sabendo que sexta vai ter teste de líderes de torcida... Por que não
tenta?
— Eu não curto
mais essas coisas... Você vai tentar?
— Não...
Direito está me sugando demais, eu não iria conseguir conciliar...
— Você nem
gosta dessa matéria!
Quando eu fui
responder, senti mãos em minha cintura e logo recebi um beijo na bochecha.
— Oi meninas.
– Tom disse parecendo feliz.
— Oi. –Eu
disse dando um sorriso.
— O que acham
de mais tarde irmos tomar banho de piscina lá em casa?
— Ih hoje tem
festa e ela não quer ir comigo. – Ana disse fazendo uma careta.
— Opaaa festa?
–Tom disse animado. – Eu também quero ir.
— Eu tenho
trabalho... Nem pensar.
— Você tem que
aprender a relaxar gata. Qualquer coisa depois posso te ajudar a fazê-lo.
— Ahhh, mas
como vocês são chatos! –Eu disse seria.
— Por favor
gata... Vamos? Vai ser legal sairmos pra nos divertir um pouco. – Ele disse me
olhando com carinha de cachorro que caiu da mudança. – Sem contar que eu posso
dar um jeito do Bill ir e poderemos ajudar a Ana com ele.
— Tudo bem!
–Eu disse irritada.
— Aeeee! –Ele
disse empolgado. – Depois você me manda uma mensagem dizendo o local ok. – Ele
disse olhando para Ana. – Agora temos que ir... Até mais tarde. –Ele disse me
puxando pela mão.
Eu estava
vendo que minha dor de cabeça só iria começar.
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